Um pouco da história da Associação
Cultural Fábrica de Cinema:
A Associação Cultural Fábrica de
Cinema foi fundada em 2009, a partir da união do coletivo
audiovisual Fabicine – A fantástica fábrica de cinema (atualmente
denominado simplesmente Fabcine – Fábrica de Cinema) – ao grupo
de rap CA.GE.BE. – Cada Gênio do Beco. Essa “fusão” dos dois
grupos teria dado o primeiro nome da Associação: Fábrica de Gênios
– denominação que também foi alterada conforme a identidade e
imagem da organização se definiam com cada vez mais nitidez no
campo audiovisual.
A fundação da Fábrica de Cinema
como “associação cultural” se deu em torno de princípios, como
o de articular um quadro de associados e diretores vindos de regiões
distintas e o de apoiar outros coletivos culturais de toda a São
Paulo.
Pautados por
esses princípios, os integrantes da Associação Cultural Fábrica
de Cinema formam um quadro associativo com histórico de trabalho
sério na construção de um panorama audiovisual popular que
respeite as riquezas culturais de nossa cidade. O atual
diretor-presidente da Associação, Fernando Solidade Soares, por
exemplo, tem sua trajetória construída dentro de um dos principais
coletivos de vídeo popular da zona sul: o NCA – Núcleo de
Comunicação Alternativa.
Adriana Oliveira e Flávio Galvão, oriundos da Fabcine,
trazem o repertório de formação que calça o histórico da
Associação no campo da formação audiovisual. Outro associado
importante é Rafael Beverari, que atua na organização de mostras
de cinema social para exibição de filmes latino-americanos – o
FELCO BRASIL.
Há também um aspecto geral e que dá credibilidade ao quadro de
integrantes da Associação Cultural Fábrica de Cinema: o fato de
todos participarem direta ou indiretamente do Coletivo de Vídeo
Popular de São Paulo.
No entanto, foi o Cinescadão o ponto
de exibição mais forte construído pela Associação em parceria
com o grupo de rap CA.GE.BE., ainda em 2007. O Cinescadão foi a
primeira atividade desenvolvida por esse coletivo, e viria a se
tornar, de 2008 em diante, uma referência dos exibidores e
realizadores populares de São Paulo.
Por
aproximadamente cinco anos, sessões de cinema iluminaram as
escadarias do Jardim Peri Novo, no Distrito de Vila Nova
Cachoeirinha, dando vazão à produção dos coletivos de vídeo
popular da cidade e à produção cinematográfica brasileira e
mundial, através de parcerias conquistadas. Foi também a partir
dessa experiência que se fortaleceu a participação de outros
coletivos de audiovisual da cidade nas ações de exibição e
produção audiovisual no meio das escadas.
Inspirados com o
sucesso do Cinescadão, os integrantes da Associação Cultural
Fábrica de Cinema construíram em 2009 um circuito itinerante de
exibição, nos arredores do Cinescadão, intitulado Imagens
PERI-féricas.
Este projeto colocava em ação mais três pontos exibidores em
favelas vizinhas (1. Favela dos Sem Terra/Futuro Melhor, no Jd. Peri
Alto, 2. Favela Sucupira, no Jd. Peri e 3. Favela do Flamingo, no
Jardim Peri Velho) – o vídeo-registro do projeto em questão, que chegou a ser financiado pelo ProAC Hip
Hop, edital da Secretaria de Estado da Cultura, ilustra bem essa
passagem de nossa trajetória audiovisual.
Do Peri pra Casa Verde:
Em 2011 os
integrantes da Associação Cultural Fábrica de Cinema foram
convidados por jovens da região norte para apoiar e desenvolver
atividades dentro de um projeto que conjugava atividades de Hip Hop
com Samba, no bairro da Casa Verde Alta.
Essa parceria chamou atenção da Associação para outra demanda
importante e que diz respeito à memória da cultura musical
predominante na região: a ausência de registros fílmicos da
cultura do samba local.
A
partir de então, uma conversa permanente se instaurou entre a
Associação Cultural Fábrica de Cinema e membros dos Blocos de
Samba da região, entre eles, GREC União da Trindade, GREC Explosão,
e o mais antigo deles: B.R.C.C. Sovaco de Cobra – fundado em 1975 por Carlão do Peruche, o último cardeal do
samba paulista.
Se
de um “lado Peri-férico” o trabalho em parceria com o grupo
CA.GE.BE. permitiu que no entorno do Cinescadão fosse construído um
“território audiovisual do rap”, imediatamente percebemos a
possibilidade de se consolidar do lado perucheano um “território
audiovisual do samba”. E os primeiros passos foram dados com o
trabalho de registro documental do mestre Carlão do Peruche.
Essa documentação dará suporte à montagem de um documentário
que contará a história de Carlão do Peruche, das ruas do Bairro à
avenida do Sambódromo do Anhembi.
Aos poucos, a rede de comunicação alternativa fomentada com as iniciativas da Fábrica de Cinema está ampliando e dando provas concretas, tanto para o público espectador quanto aos órgãos do poder público, de que é possível a construção e articulação de um circuito de produção cultural cinematográfica de baixo custo, gerido por representantes de coletivos de vídeo popular enquanto sociedade civil organizada, e criado para alimentar o ciclo da produção, difusão e exibição de obras audiovisuais populares por território ou localidade de nossa cidade.
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